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segunda-feira, 17 de abril de 2023

A historia da Cortiça

 

                                 A história da Cortiça

Estudos apontam para a origem do sobreiro na era terciaria entre os períodos Oligoceno e Mioceno, sendo que algumas teorias indicam a sua existência desde a formação da bacia do Mediterrâneo, há cerca de 60 milhões de anos.

Várias espécies sucumbiram ao período Glaciar. O sobreiro porém terá resistido à proteção térmica da sua casca – a cortiça

Há mais de 10 milhões de anos terá sido depositado na bacia do Tejo um fragmento fóssil da cortiça que foi recentemente encontrando atestando a ancestral presença do sobreiro em Portugal.

Há 1300 anos antes de cristo, no antigo Egito, a cortiça era aplicada em utensílios domésticos, nas artes da pesca e para vedação de vasilhas.

No séc. III antes de Cristo na França foram descobertas várias ânforas contendo vinho ainda em bom estado de conservação nos nossos dias.

No séc. IV antes de Cristo na civilização romana, a cortiça servia de isolante em telhados, era utilizada como isolante em ânforas e como palmilhas para calçados.

No seculo V antes de Cristo na Grécia as ânforas eram vedadas com rolhas de cortiça.

No séc. XIII, no reino de Dom Diniz foram publicadas as cartas de criação das coutadas que visavam proteger o sobreiro e a azinheira, dando mais-valias a quem protegesse os novos chaparros. Desde essa época, o sobreiro foi alvo de diversas legislações, incidindo desde a exploração ao comércio da cortiça.

No seculo XV e XVI em Portugal a cortiça foi aplicada nas caravelas que levaram os navegadores a descoberta do mundo. Ainda hoje, como há milhares de anos, a cortiça é utilizada como bolas e flutuadores para rede de pesca.

No seculo XVI em Portugal, todas as celas e aposentos dos frades do convento dos Capuchinhos construídos em 1560 foram revestidos a cortiça proporcionando um conforto extra.

No seculo XVII na França, Dom Perignon encontrou na cortiça a solução ideal para vedar os vinhos na famosa região de champagne. Nesse momento da história começa a industrialização da rolha de cortiça

No seculo XIX na Europa e Estados Unidos novos equipamentos permitiram o desenvolvimento da indústria de rolhas de cortiça.

No seculo XXI a cortiça tem conquistado as mais exigentes industrias – automóvel, transportes de ultima geração, aeronáutica – com soluções de alta eficiência e versatilidade. Reforçar a inovação em aplicações de grande valor acrescentado é um dos grandes desígnios da cortiça para o século XXI

 

Muito antes da fixação humana, a cortiça – a casca do sobreiro – já criara raízes neste planeta a que chamamos casa. No Alentejo, foram encontrados fragmentos fosseis de sobreiro datados da época do plioceno, mas as origens do sobreiro remontam a um período ainda recuado, entre os períodos do Oligoceno e do Mioceno. Ou seja, há cerca de 25 milhões de anos.

A longevidade do sobreiro só encontra par na sua impressionante resiliência. Protegido pela casca, os sobreiros resistiram a um período glaciar. Talvez por se tratar de uma matéria-prima espantosamente versátil, a cortiça foi sendo consecutivamente adotada pelos seres humanos, desde a antiguidade, independentemente do contexto politico e do curso, muitas vezes imprevisível, da história.

Os egípcios usavam cortiça para fabricar utensílios domésticos e instrumentos de pesca. Na Grécia antiga, as ânforas eram adorados com símbolo da liberdade e da honra – apenas sacerdotes tinham autorização para os cortar. Os romanos usavam cortiça para cobrir tetos e telhados, enquanto os centuriões marchavam confiantes com cortiça sob seus pés, nas solas das sandálias.

Um pequeno passo para a cortiça, um grande salto para a humanidade!

Porque é que as células se chamam células? A palavra vem de “cella”, que significa camara ou pequeno quarto escuro, em latim.

Mas como é que essa pequena unidade estrutural e funcional do organismo está relacionada com um pequeno quarto?

A resposta é a cortiça.

Em 1665, um cientista britânico, Sir Robert Hooke, observava um pequeno pedaço de cortiça, usando um rudimentar microscópio, quando descobriu que a cortiça se compunha de milhares de cavidades, em forma de favo de mel, que se assemelhavam a pequenos refúgios criados pelo homem. Deste modo, a cortiça está sempre ligada à fantástica descoberta da primeira célula.

Cerca de 100 anos antes, em Portugal, um grupo de frades franciscanos vivia em células ligeiramente diferentes.

No convento dos Capuchinhos, em Sintra, as paredes e o chão das divisões estavam forradas com cortiça. Nas suas celas isoladas, os monges dormiam sobre pranchas de cortiça.

Não há dúvida, a cortiça não cede à pressão. É o único solido que, ao ser apertado de um lado, não aumenta de volume do outro.

Esta característica é conhecida como “memória elástica” da cortiça.

A cortiça pode ser comprimida ate metade da sua espessura sem perder flexibilidade e depois, ao descomprimir, regressa naturalmente à sua forma original.

Por isso, é a campeã da resiliência. Graças à sua enorme elasticidade, a cortiça adapta-se a variações de temperatura e pressão, sem sofrer quaisquer alterações.

Apesar de existir desde a pre-história, a cortiça é um dos materiais mais avançados do mundo. O seu conjunto de propriedade é verdadeiramente espantoso. Tão perfeito, que nenhum material produzido pelo homem foi capaz de replicar o que a natureza criou. Não é por acaso que a cortiça é desconhecida como a “espuma da natureza”.

A cortiça é elástica, leve, impermeável a líquidos e gases, resistente ao fogo e as altas temperatura. É um fantástico isolante térmico e acústico, oferece elevada resistência ao atrito, é hipoalergénica, confortável e suave ao toque. Agora já sabe o que o torna inimitável.

 

A rolha de cortiça típica mede apenas 45 mm, mas encerra muitíssima história.

A invenção da solução garrafa de vidro/cortiça deve-se a um francês , o celebre monge Dom Pierre Pérignon, que introduziu o binómio em 1678, mas , na verdade, foram os ingleses que, no seculo XVII e XVIII, popularizaram a solução, tornando-a global.

Ao longo dos seculos XIX e XX, quando o engarrafamento e o consumo de vinho conhecem uma grande expansão, a industria de rolhas atravessa mudanças significativas. O trabalho manual é progressivamente substituído por sistemas mecânicos, que permitem aumentar a produção.

Hoje em dia, a indústria da rolha funciona a um ritmo alucinante, incorporando altos níveis de tecnologia. No entanto, o elo inquebrantável entre homem e maquina mantem-se vivo.

Fonte: WOW Porto, museu da Cortiça